“Na mitologia grega ficou famoso pela sua morte por cair no Egeu quando a cera que segurava suas asas artificiais derreteu”.

icarusOs dois pegaram o mesmo ônibus que vinha da praia.

Ele sentou-se na janela, ela no corredor.

E ela olhou de esguelha para ele quando o ônibus começou a viagem de volta.

Viu que ele era bem jovem, bronzeado, cabelos lisos na altura do ombro. 

Seus traços finos demonstravam um rapaz “de fino trato”.

– Talvez seja surfista. Pensou ela. Quantos anos terá? Será que já está na faculdade?

Lá fora a noite caía, lânguida e perfumada.

As pessoas que viajavam já dormiam embaladas pelo ruído dolente do motor e pelo seu sacolejar.

Ela deitou a cabeça na poltrona e ficou a olhar para fora.

Foi quando ele escreveu com seu dedo, um nome no vidro embaçado da janela: Ícaro.

– É a minha deixa! Ela pensou. E mais que depressa perguntou: onde estão suas asas, Ícaro?

E ele como que esperando a pergunta, respondeu:

– Não é para todos que eu mostro, mas…terei o maior prazer em mostrá-las a você.

Olhou para ela e sorriu com aqueles dentes brancos, sorriso aberto, sincero, bonito como uma pintura.

E ela, com seu preconceito nato, preferiu não responder.

Ficou ali quieta, fechou os olhos e fingiu dormir, mas durante o percurso todo, tinha a deliciosa sensação da presença dele, tão perto, tão real.

E aí, luzes foram aparecendo, a cidade se aproximando e a viagem chegando ao fim.

Eles se levantaram, se olharam e disseram adeus.

E ela ficou parada no meio da estação, vendo-o se afastar.

Parecia um anjo!

Ele virou para trás e acenou.

Por um momento ela viu suas asas se abrirem…

Angel Ícaro

(Essa crônica minha saiu no Material do Aluno de História, 7º ano no Portal Aprende Brasil- Positivo Informática).

1ª imagem: sites.google.com

2ª imagem: http://www.flickr.com

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