(velasfreigalvao.com.br)
MEU JANTAR COM JULIO IGLESIAS
PRRRRIM, PRRRIM, PRRRRIM…
Estiquei o braço para alcançar o despertador, mas não era dali que vinha o som.
Era meu celular, já cedo, dando sinal de vida.
– Quem pode ser a essa hora? Me perguntei ainda sonolenta.
– Você ganhou!
– O quê? Respondi bocejando sem nem saber de quem era aquela voz.
– O jantar! O jantar com Julio Iglesias!
– Caramba!
Comecei a puxar pela memória: sim, eu me lembrava!
Tinha ido até aquela loja de produtos de beleza para comprar um secador de cabelos pois o meu havia pifado bem na hora em que eu fazia escova na metade do cabelo…nem preciso contar como ficou a outra metade…
Mas recordo que, quando paguei, recebi alguns cupons para concorrer a esse jantar que nem imaginava ganhar!
E…caramba de novo!
– Eu ganhei! Jantar com Julio Iglesias, ai, ai!
Levantei da cama num pulo e enquanto tomava meu café, minha imaginação voava!
Queria começar logo a ligar para meus filhos, irmãos e amigas contando sobre o encontro que teria.
Nossa!
E eu precisava comprar um vestido novo a altura do acontecimento.
E também ir ao salão retocar a tintura do cabelo, fazer sobrancelha, mãos e pés.
Uau!!!
Coloquei um CD e enquanto sua voz enchia todo o ambiente, comecei a dançar pela sala, olhos fechados, dando voltas e mais voltas.
Lembrei dos anos 70, quando meus filhos eram pequenos e eu já o ouvia cantar “Hey!”, “Manuela”, “Baila Morena” e tantas outras que me embalaram enquanto eu os embalava.
Nos anos 80, o então “toca fitas” do carro, sempre estava no ponto para tocar suas músicas.
E aquele rosto bonito que só se deixava fotografar no lado direito?
Ah, ah!
Eu iria ver o outro lado!
Toda aquela sedução do homem latino, charmoso, educado…
Já me via levantando da cadeira no restaurante finíssimo em que o esperava, enquanto ele entrava, moreno do sol, sorridente, dentes branquíssimos e, se aproximava de mim.
Eu, produzidíssima, vestido preto longo, realçando meus cabelos loiros, soltos e apenas brincos de pérolas a combinar com o anel.
Ele tomando minhas mãos (geladíssimas) e levando aos lábios para beijá-las.
– Abra os olhos, Sílvia! Dizia minha voz interior. Corra, porque as horas passam e são coisas demais a serem feitas até a noite!
No salão:
– me atenda, por favor, vou jantar com o Julio Iglesias!
– Com quem? Perguntou a mocinha que até então nunca ouvira falar dele…
– Que ignorante! Pensei. Como nunca ouviu?
Na loja:
– por favor, um vestido preto, longo, fino, encantador e que me faça parecer mais magra!
Pelo olhar da vendedora percebi que ia ser meio impossível, mas nem dei muita atenção.
– Não quero me estressar! Afinal vou jantar com Julio Iglesias!
Não conseguia pensar em outra coisa!
E a ansiedade crescia à medida que o tempo passava e a noite caía.
Banho tomado, hidratante pelo corpo todo, maquiagem perfeita, brilho nos olhos.
E lá fui eu.
Entrei no restaurante com o coração aos pulos e sentei-me à mesa, previamente reservada.
Abaixei os olhos para o cartão onde estava o nome dele escrito, desenhado, de verdade!
Levanto o olhar para a entrada bem na hora em que a porta se abria e ele entrava.
De terno escuro, camisa branca, sorrindo com olhos e boca e caminhando em minha direção.
Levantei e ele tomou minhas mãos, abaixando para beijá-las bem como imaginei.
PRRRIM, PRRRIM, PRRRIM…
Agora, sim, era o despertador!
(mobly.com.br)
————————————————————————————————————————————————-
(Female hair study)
CABELOS
(Confidências ao Meio Dia)
Tenho notado que, em quase todas as conversas entre amigas, sempre sai uma assunto: cabelo!
Como nós, mulheres, nos preocupamos com ele!
Quem tem muito, acha que fica armado.
Quem tem crespo, faz de tudo para torná-lo liso.
Quem tem liso, procura um jeito de encrespá-lo.
Curto, sonha com madeixas longas.
Aquela que os tem compridos, acaba cortando bem curtinho porque não quer ter trabalho.
E assim é.
Desde os tempos de menina, sofro com os meus cabelos.
Como eram crespos, grossos e muito, não sabendo as manhas dele, passava a escova o que deixava ainda mais volumoso e armado.
Minha mãe dizia:
– Está na hora de cortar esse “balaio”!
E eu chorava muito…
Ah, como eu sonhava com os cabelos lisos da minha irmã, esvoaçando ao vento, ver a sombra refletida no chão com eles em movimento!
Quando mocinha aprendi a fazer “touca” que era um processo difícil mas muito usado na época e que consistia em enrolá-lo ainda úmido, no alto da cabeça e contorná-la puxando bem, segurando com grampos.
Depois amarrava um lenço para ficar bem apertado e dormia assim.
No dia seguinte, soltava a cabeleira e ficava aquele liso armado mas que, para mim, já era lindo.
Depois vieram as escovas.
Que maravilha!
Só que ficava caro ir toda semana ao salão e o jeito, então, era intercalar: uma semana sem, outra não.
E então chegaram as chapinhas.
Lisos completos!
E, para encerrar, escovas progressivas e definitivas.
Lisos eternos!
Que mágica maravilhosa!
E os salões lotados, as indústrias de produtos, faturando!
Isso sem falar nas tinturas…tempo de ser ruiva, loira, morena, com mechas, luzes, ah, quanta modernidade à nossa disposição!
Tenho amigas que em uma semana vão do claro ao escuro conforme a disposição do momento.
E os xampus e cremes que existem?
Loucura total!
Para queda, caspa, tingidos, secos, oleosos, fio duplo, pontas e assim vai.
Conheci um cabeleireiro que dizia:
– Pior que um cabelo mal lavado é cabelo mal enxaguado!
Então…água neles!
E os homens, como também se preocupam com eles; isso quando ainda os tem porque a maioria já perde muito cedo, mas os privilegiados cuidam tanto ou mais que nós, mulheres.
Meu filho, quando criança, tinha os cabelos encaracolados e eu achava a coisa mais linda!
– Meu carneirinho de São João! Eu dizia melosa.
E ele, quando adulto, optou por passar aquela maldita máquina quase zero nele.
E, para encerrar, tem aquela história do rapaz de cabelos compridos que…mas essa é uma história “cabeluda” e não devo contá-la aqui.
————————————————————————————————————————————————————–
O RECHEIO DO PASTEL
Na minha infância não existiam pastelarias como a 10 Pastéis em todo canto, nem pastéis em caixinhas, prontos para serem fritos, nem massas prontas esperando para colocar recheios…mas existia o garoto esperto, aquele que queria levar vantagem em tudo, no caso…meu irmão.
Mamãe já andava cansada de ver seu filho sentar-se à mesa, olhar para os pratos e escolher sempre o maior: bife, ovo frito, panqueca e, na nossa história, pastel.
Papai agradecia o alimento e aquele menino nem fechava os olhos: parecia um jacaré olhando a presa…já estava escolhendo o maiorzão!
Nem bem se falava o “amém” e ele esticava seu garfo pegando o escolhido.
Um belo dia, mamãe resolveu pregar uma peça naquele guloso.
Esticou a massa, com a ajuda de uma garrafa que fazia as vezes de um rolo de macarrão, e colocou o recheio de carne nos pastéis.
Todos do mesmo tamanho, menos um: grande, bem maior que os outros, no qual ela colocou recheio de cascas de batatas!
E foi, novamente, tudo igual: nos sentamos à mesa, papai agradeceu o alimento e…zápt! ele esticou o braço e fisgou o dito pastel que estava realmente uma beleza, se destacando no meio dos demais.
Ele salivava de prazer!
Deu a primeira mordida bem no meio onde o recheio formava uma saliência, mastigou, fez cara de ponto de interrogação, engoliu e mudou a cara: era o próprio espanto!
Olhou para o pastel em sua mão e tentou identificar o que era aquilo e voltou os olhos para minha mãe que fixava os seus firmemente nos dele.
– Gostou? Ela perguntou em voz inocente. São cascas de batatas, achei que você gostaria…
ele então levantou num pulo e saiu correndo para tentar cuspir o que ainda restava na garganta.
Nós, os outros, sem entender nada, perguntamos o que estava acontecendo e mamãe contou o sucedido.
Não sei se ele aprendeu a lição mas sei que jamais esqueceu o fato!
Só faltava ele ter gostado do recheio…
Do meu livro “CONFIDÊNCIAS AO MEIO DIA”.
Muito bom ler suas palavras querida….hahahhaha….dei risada aqui……Deus te abençoe sempre….