Tudo começou quando recebi em minha casa uma visita que sentou, conversou, tomou cafezinho e foi embora.
Sentamos distante, mas estávamos sem máscara.
Depois de três dias eu soube: ela estava com o vírus!

Gente, aí começou o martírio!
Comecei a contar os dias (porque é entre o quinto e o oitavo dia que normalmente ele se manifesta) e eles não passavam.
E minha cabeça começou a dar voltas:
– se eu tossia; é ele!
-se eu ia ao banheiro duas vezes; pronto, agora é!
E eu procurava sinais cheirando a comida, o perfume, o talco, tudo para ver se meu olfato estava bom.
Estava.
Então posso ser assintomática, quem sabe?
Posso passar para outras pessoas sem saber…
E não vi mais meu filho, nora e netos…
E a casa ficou sendo minha prisão!
Depois disso, perdi o apetite.
Claro: nervosa, estressada, ansiosa…
Bem, no oitavo dia da minha suposta contaminação comecei a ter dores de cabeça.

Minha médica então entrou com o protocolo e comecei a tomar os remédios pensando, se não tiver contraído o vírus, mal não pode ter.
Hora de ir fazer o exame PCR para descobrir se realmente estou contaminada.
Só que no meu plano de saúde, o exame poderia ser feito após o terceiro dia da manifestação dos sintomas.
Resultado: no décimo primeiro dia, fui fazer e realmente é bem enjoado mesmo.
Saí de lá sabendo que só teria o resultado no sábado pela manhã que seria então o décimo quarto dia em que estaria reclusa.
As enfermeiras foram super atenciosas comigo: ligavam pela manhã e no final do dia perguntando se tinha havido alguma alteração na saúde e como eu estava passando.
Não tenho nada!
Estou bem!
Querendo muito saber o resultado!
E o décimo quarto dia chegou, sábado de sol, e com ele o resultado do exame:
NEGATIVO para COVID 19!!!

Meus pais viram a guerra.
Contavam das armas, dos soldados, dos aviões e das bombas.
Nós vamos contar sobre um inimigo invisível, mas tão letal quanto a guerra que eles presenciaram.
E ele vem sorrateiro, se apossando do nosso corpo, espalhando doença e morte.
Tudo é novo para nosso mundo de hoje.
Estamos esperando as vacinas para nos sentirmos mais seguros.
E minha fé, onde ficou?
Confesso que muitas vezes vacilei…
Talvez, nessa hora, eu fale como aquele pai ao falar com Jesus: “eu creio, Senhor, mas ajude na minha incredulidade”.
Imagens: 1) postal saúde; 2) vix.com; 3) canaltech
“E LOGO O PAI DO MENINO, CLAMANDO COM LÁGRIMAS, DISSE: EU CREIO, SENHOR! AJUDA A MINHA INCREDULIDADE.” Marcos, 9- 24.