Acordei com o tiro!
Ainda meio dormindo, ouvi os gritos:
– PARE! É A POLÍCIA! DEITA! DEITA, SEU FILHO DA MÃE!
Despertei de pronto, olhei para o relógio que mostrava as horas em vermelho sangue:05:00 horas da manhã.
O barulho todo vinha da frente da janela do meu quarto que dava para a entrada do prédio.
Meus sentidos ficaram alertas e, completamente acordada, comecei a tremer.
Podia ouvir os chutes que davam e os gritos de dor na madrugada antes silenciosa.
Era a primeira vez que ouvia um tiro de verdade; apenas um, mas que me deixou pensativa até o dia clarear…
Queria orar e não conseguia.
Não sabia se devia pedir pelo bandido que apanhava ou se pela polícia que batia.
Talvez aquele homem matara alguém ou invadira a casa de pessoas inocentes para roubar ou sequestrar… ou podia ser até um inocente que passava por ali e estava sendo confundido com um suspeito… e os policiais, então?
Podiam estar abusando da autoridade fazendo de um pobre transeunte, um prisioneiro.
Ou não!
Tanta violência!
Uma coisa é assistir, acomodada em um sofá na segurança da sua casa, um filme com saraivas de balas distribuídas em corpos que caem em poças de sangue e outra é ser acordada como fui.
Nem cheguei à janela para ver a cena… e o medo de balas perdidas?
E além do mais, foi tudo muito rápido: ouvi o som de um carro saindo apressado e depois o silêncio lá fora e as batidas do meu coração dentro do peito.
Passou muito tempo até eu conseguir dormir novamente.
A manhã serena de domingo me recebeu como sempre: o sol brilhando sobre as folhas das árvores ainda cobertas de orvalho.
Lembrei do tiro e das vozes.
Lembrei que a violência é real.
Fui à Igreja e orei.
Já sabia por quem pedir: por todos nós, criaturas humanas que somente pela misericórdia de Deus, podemos alcançar a paz!
Imagens: 1) dicastrocandoideias.blogspot.com; 2) http://www.rioverdeagora.com.br