REFLEXÕES EM MEIO A UMA PANDEMIA

No dia 16 de março, coloquei aqui um texto da minha filha, “O QUE PODEMOS APRENDER COM ESSA PANDEMIA“.

Mais de um mês se passou e ela escreve novamente, agora refletindo sobre o tema.

Uma oportunidade para nós refletirmos juntos.

“É engraçado fazer parte da história…

Quero dizer, uma história que será estudada e falada para sempre. Uma história que ficará marcada porque o mundo todo fez parte dela, sem exceções: ricos, pobres, brasileiros, europeus, africanos, chineses…

Ninguém passou incólume por essa pandemia.

Já estou na fase de achar cansativo fazer parte da história.

Sou sagitariana, é muito difícil para mim ficar presa, sem poder abrir minhas asas e voar.

Mas tenho sorte! Vejo da sacada do meu quarto o céu azul, tenho espaço para tomar sol e a minha vista é o rio Tejo – que eu chamo de mar, para acalmar meu coração.

Não posso reclamar… mas ainda assim a agonia de não saber até quando isso tudo vai durar teima em atormentar meus pensamentos.

Não sou de fazer planos, deixo a vida me levar, mas não poder nem mesmo deixar levar tem sido um exercício difícil para mim.

Mas como disse, não posso reclamar.

Em Lisboa é permitido sair, ir ao mercado, farmácia… Minha programação tem sido essa: trabalho de segunda à sexta, e sábado vou ao mercado!

Virou o programa da semana!

Assim pego um sol, respiro ar puro, vejo pessoas e percebo que a vida segue, em outro ritmo, mas tudo bem.

Apesar de correr ser permitido, tenho evitado.

Mas há dias que tudo o que eu preciso é sair correndo, literalmente.

Essa semana resolvi fazer isso. Não pensando em manter a forma, mas sim em manter a sanidade.

E foi maravilhoso! Ver a cidade calma, dormindo, quase fantasma…

Os pontos turísticos vazios, as ruas desertas.

Era possível ouvir os pássaros!

Sei que nunca mais verei Lisboa tão vazia. E nunca mais verei a cidade da mesma maneira.

Foi estranho, mas ao mesmo tempo inesquecível.

No caminho descobri construções, casas, história. E pensava no futuro, quando todas as pessoas puderem retomar sua rotina.

Não acredito que a vida será igual ao que era.

E torço para que não seja mesmo. Espero que toda essa solidariedade despertada se mantenha para sempre. Espero que os encontros e abraços sejam mais valorizados. Que o cuidado com o planeta e com os seres humanos sejam mais constantes, passem a fazer parte do dia a dia.

Acho que ninguém vai sair da mesma forma que entrou nessa quarentena.

E isso é ótimo! Precisamos evoluir, precisamos perceber o que realmente é importante. Precisamos nos conhecer mais.

Reflexões…

Mas estou muito otimista que isso tudo vai passar logo!

E em breve poderemos nos reencontrar e contar orgulhosos que sobrevivemos!

Com mais amor, com mais fé em Deus, com mais atenção ao próximo.

Enfim, melhores!”

Obrigada, mais uma vez, por repartir conosco seus textos inspiradores!

“TODAVIA, EU ME ALEGRAREI NO SENHOR, EXULTAREI NO DEUS DA MINHA SALVAÇÃO.” Habacuque, 3- 18

 

 

PARECE TUDO IGUAL…

Dia 20 de março de 2020, entrando hoje no Outono.

Quer uma estação melhor do que esta para darmos adeus àquele calor sufocante ( como faz calor aqui em Campo Mourão!) e abrirmos os braços para o ventinho mais fresco que ela nos traz?

Parece tudo igual…

Eu em minha rede; o céu azul sem nuvens; as flores dos vasinhos cheias de cor e perfume; os passarinhos indo e vindo tomar a água fresca que coloquei para eles; os beija flores rodopiando por sobre as azaleias do jardim, parece tudo igual.

Só que não!

Isso não acontece nem aqui e nem no mundo!

Nesse outono bonito, dourado pelo sol, as pessoas não estão pelas ruas, estão dentro de suas casas, fechadas, sentindo medo e, muitas delas, em pânico!

Tenho visto os tele jornais e as notícias são alarmantes; recebo diariamente whats de amigos do Brasil e do exterior, constantemente abordando o mesmo assunto; nas redes sociais os acontecimentos são tão comentados que às vezes sobra tempo para recados muitas vezes, engraçados (como o brasileiro é criativo!).

E são médicos, padres e pastores, atores e atrizes, professores, pessoas comuns e que gravam seus vídeos deixando mensagens tentando de alguma maneira acalmar as pessoas com palavras de conforto (ou não…).

Tudo muito válido, mas eu, por exemplo, estou me abstendo de ouvir mais de um jornal ao dia e abrir os vídeos… nem pensar!

Não porque eu queira fugir da situação em que estamos e ficar alienada; não é isso, mas quanto mais você ouve e lê e passa a viver somente para esse assunto, ele vai te fazendo mal e por uns dias me senti até doente…

No último post publicado aqui, texto da minha filha Fabiane, diz o que podemos aprender dessa epidemia.

Em uma semana a situação por lá (Portugal) mudou bastante: tudo fechado incluindo fronteiras e aeroportos e o número de infectados e mortos aumentou e muito!

Em Luanda, Angola, onde minha filha Viviane, meu genro e netos moram, aconteceu os dois primeiros casos do vírus. Estão todos em casa.

Talvez, na semana que vem, quando eu estiver postando alguma coisa, a situação por aqui também tenha mudado…esperemos que seja para melhor!

Confiar e crer que TUDO está nas mãos de Deus é o primeiro passo para nossa cura.

É difícil?

Claro que sim!

Mas a oração vai nos fazer mais fortes!

Daqui um pouco vamos poder, de fato, falar:

-parece tudo igual!

E sim! Tudo estará igual novamente!

Imagens: 1) meu jardim; 2) imovelweb.com.br; 3) tempodeagradecer.blogspot.com

“NÃO SE VENDEM DOIS PASSARINHOS POR UM CEITIL? E NENHUM DELES CAIRÁ EM TERRA SEM A VONTADE DE VOSSO PAI. E ATÉ MESMO OS CABELOS DA VOSSA CABEÇA ESTÃO TODOS CONTADOS. NÃO TEMAIS, POIS; MAIS VALEIS VÓS DO QUE MUITOS PASSARINHOS.” Mateus 10- 29, 30 e 31

 

APAGÃO!

Eram 15:30 do dia 19 último, quando eu falava com minha filha e a internet começou a rodar, falhar e deu aquele aviso de “sem sinal”!

Pensei que era por causa da bateria do celular que estava quase acabando, tratei logo de conectar e nada de sinal.

Mudei de tomada até que vi que o problema era outro: falta de energia!

-Ah, tá! Já já volta! Falei para mim mesma.

Que nada,,,

Fui até a vizinha conversar e ela e toda a rua estavam sem luz.

-Mas deve voltar logo! Continuei otimista!

Fui para minha rede aproveitando que estava fresquinho e gostoso.

Aí começou a ansiedade:

-Quero ver meu whatsapp! Quero checar meus e-mails!

Nada ainda…

-Bom, pensei, tenho certeza que até às 18:20, hora da minha novela preferida, a luz vai voltar.

Voltei olhar para o céu, as nuvens se movimentando, o vai e vem dos passarinhos, o beija flor costumeiro, e os minutos passando e nada da luz voltar.

-Bom, já são 19:00 horas e estou com um pouquinho de fome.

Aproveito para deixar preparada duas velas e uma caixa de fósforos sobre a mesa, pego uma taça de vinho, queijos, amendoins e volto para a rede.

E por ali fico, bebericando, comendo, enquanto ouço as conversas dos vizinhos que chegam e não conseguem abrir os portões elétricos.

Lembrei de uma crônica que escrevi sobre falta de luz, em “Conversas no Escuro“, e eu ali, só tomando meu vinhote e descansando (porque trabalhei bastante nesse dia, fazendo as “Comidinhas da Vovó”).

A noite cai.

O céu está estrelado e a lua maravilhosa, apareceu.

As lagartixas começam a correr pelo muro.

A rua está escura, entro, fecho a porta, e acendo minhas velas.

-Não é possível, penso, não pode demorar tanto assim, alguma coisa grande aconteceu e o pior é que tenho um freezer cheio de comidinhas congeladas.

Me recosto na cadeira da mamãe, fecho os olhos, abro os olhos.

Fecho a janela porque fiquei com medo dos bichos voadores.

Abro a janela porque fiquei com calor.

Apago uma vela e deixo só uma para o caso de demorar muito para voltar a energia e eu ficar no escuro…só tenho essas.

Fecho os olhos novamente quando, de repente, a luz volta ofuscando meus olhos acostumados ao escuro.

Eram 20:45.

Foi uma tarde/noite diferente…até arrumei assunto para uma nova crônica!

“E DISSE DEUS: HAJA LUZ. E HOUVE LUZ”. GÊNESIS, 1- 3

 

 

 

 

 

 

 

FILOSOFANDO…

Fiquei horas com a caneta nas mãos, sobre a folha em branco.

Faz tempo que não escrevo…

Que coisa escrever?

Sobre o tempo, sobre flores, passarinhos, livros, canções?

Acho que já esgotei esses temas…

Então sobre amizade, família, netos, amor, velhice, o que acha?

Viagens talvez?

Política? Nem pensar!!!

Quero esvaziar minha mente e ficar saboreando momentos como esse em que procuro um tema e não encontro nenhum.

Hoje o dia começou mais tarde; é assim mesmo o horário de verão.

Ouço muitas pessoas que dizem gostar ou não dessa mudança que, para mim, não altera nada: nem minha saúde e nem meus hábitos.

Mas o dia está azul e os passarinhos parecem estar meio perdidos nessa mudança que o homem impõe…

Ontem a essa hora as luzes da rua já estavam acesas e hoje o sol ainda brilha forte.

Gostaria que chovesse…

Minhas plantas estão ressequidas e o pó permeia pelas frestas das portas e janelas.

Gosto da chuva como gosto do sol.

Tudo é necessário e perfeito!

Em momentos assim meu pensamento cria asas e voa para outros continentes em busca de minhas filhas e netos.

A saudade dói!

E, quando dou por mim, a folha já está repleta de palavras e sentimentos e nem sei bem o que escrevi…

Vou lendo desde o começo e vejo que reprisei todos os assuntos que achava ter esgotado…

E noto com prazer que acabei escrevendo sobre coisas da vida, a minha vida e isso acaba sendo um assunto inesgotável!

Imagens: 1) duvidas.dicio.com.br; 2) goconqr.com; 3) mixdereferencias.blogspot.com

” QUANDO VEJO OS TEUS CÉUS, OBRA DOS TEUS DEDOS, A LUA E AS ESTRELAS QUE PREPARASTE; QUE É O HOMEM PARA QUE TE LEMBRES DELE? E O FILHO DO HOMEM, PARA QUE O VISITES?” Salmos, 8- 3 e 4

CONVERSANDO COMIGO

_ Por que estou desse jeito? Pergunto em voz alta enquanto me balanço calmamente na rede.

_ Porque sim e pronto! Alguém responde.

Olho para os lados para ver de onde vinha aquela voz e vi que eu estava sozinha.

Era uma voz tão clara, tão perto que parecia ser eu mesma falando…

_ É, acho que estou ficando louca! Falo sorrindo.

_ Claro que não! Ouço a Voz dizer. Simplesmente você está conseguindo me ouvir e conversar comigo, quer dizer, com você mesma! 

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Paro um minuto para absorver o que acabo de ouvir.

_ Pois então, vamos conversar. Sobre o que mesmo vamos falar? Pergunto desafiadora.

_ Ué… responde a Voz; você estava perguntando por que está desse jeito. Podemos começar por aí. Que tal?

_ Tá bom! Respondo. Então vamos lá: porque só agora consigo ficar horas vendo os passarinhos voando, procurando seus ninhos, esperando o beija flor que vem a toda hora tomar a água doce que deixo para ele e nunca fiz isso antes?

_ Ora por que… porque sim! Diz a Voz. Você morava no alto de um prédio, cercado de outros prédios, sem árvores por perto, pra falar a verdade, uma selva de pedras, como iria ver passarinhos e beija flor?

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_ E a lua e estrelas, por que eu não parava para ver? Continuo.

_ Porque se você parasse na rua, seria atropelada por um carro; fala rindo a Voz.

_ É, você está achando graça nessa história, né? Então me responda, dona Sabe Tudo, por que eu me emociono e até choro com pequenas coisas como essas? Pergunto.

_ Vou falar sério com você! Diz a Voz falando pausadamente: porque você envelheceu. É! É isso mesmo! As pessoas quando são jovens vivem tão ocupadas e apressadas que esquecem de parar, ver e sentir a natureza. Isso é uma das coisas boas do envelhecer e agora que você está nessa idade, acaba dando valor a essas pequenas coisas que vão despertando lembranças que vem em forma de emoções.

_ E isso é bom? Pergunto já meio chorosa.

_ Claro que é! Afirma a Voz. O que seria de nós sem essa vivência, essa aprendizagem que nos leva a ser pessoas melhores?

_ Sabe Voz, (agora eu estou me sentindo super íntima da minha interlocutora) às vezes tenho saudade do que não fiz, de pessoas que não conheci, de países que não visitei… isso é possível?

_ Agora você está filosofando! Diz a Voz com sabedoria. É possível sim porque em algum momento tudo isso um dia fez parte da sua vida em histórias que ouviu, filmes que assistiu, conversas que ficaram nas gavetinhas da sua memória.

_ Hum…respondo bocejando; esta conversa está me dando sono de tanto ouvir você falar e falar…

_ Bem, se você está com sono eu também estou porque somos apenas nós. Responde a Voz bocejando também. Vamos deixar nosso papo para outra hora?

_ Sim…obrigada Voz por conversar comigo. Digo fechando os olhos.

A Voz sorriu e se recolheu em si mesma.

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Imagens: 1) dreamstime; 2) artflorir.com.br; 3) gifts.blog.br

“SOU SEMELHANTE AO PELICANO NO DESERTO; SOU COMO UM MOCHO NAS SOLIDÕES. VELO E SOU COMO O PARDAL SOLITÁRIO NO TELHADO.” Salmos 102- 6 e 7