Esse texto veio quentinho ontem à noite, diretamente de Lisboa, Portugal, onde minha filha Fabiane, que é jornalista, está morando.
“O novo sempre assusta.
E se esse novo for uma doença, apavora ainda mais.
Mas sim, há vida nesse caos e é possível aprender a lidar com esse momento passageiro.
Talvez você já não aguente mais ouvir falar do coronavírus.
Talvez você ache isso tudo um exagero.
Talvez isso nem tenha chegado à sua cidade ainda…
Mas, como eu estou em Portugal, esse é um assunto que não tem como não fazer parte das conversas – online, porque reuniões com mais de cinco pessoas não são aconselháveis no momento.
Diferentemente da Itália e Espanha, aqui não estamos proibidos de muita coisa. Mas há restrições. O estado de alerta em Lisboa segue até 9 de abril.

A cidade está mais vazia, mesmo nesses dias de calor.
Apesar de ainda estarmos no inverno, faz duas semanas que tem feito sol e calor em Lisboa. As esplanadas – restaurantes e bares ao ar livre – deveriam estar lotadas, mas não estão. Há pessoas, mas em número reduzido.
A curiosidade é que 90% dos que ainda saem às ruas são estrangeiros.
No sábado dei uma volta pela cidade e só ouvi inglês, francês e alemão. Português mesmo só dos motoristas de tuk tuk e dos garçons.

(Apesar do sol, esplanadas com poucas pessoas, sendo 90% estrangeiros).
As pessoas estão cuidadosas. A recomendação é não chegar perto, não abraçar nem beijar. Para mim, tudo normal: sou de Curitiba!!
As escolas e universidades foram encerradas.
Os supermercados têm novo horário de funcionamento, reduzido. Os centros comerciais também.
A Câmara Municipal da cidade fechou museus, teatros, bibliotecas, piscinas e pontos turísticos, como o Mosteiro dos Jerônimos, a Torre de Belém e o Padrão dos Descobrimentos.

( Um dos lugares mais procurados pelos turistas, a Praça do Comércio estava vazia para um final de semana).
Algumas empresas adotaram o home office, como forma de evitar que os funcionários peguem o transporte coletivo.
A minha foi uma delas, então desde a última quarta-feira todos trabalham de casa.
Alguns restaurantes também fecharam as portas, assim como shows e peças de teatro agendados para março e abril foram adiados.
À noite, todos as discotecas e bares estão encerrados.
A maioria das academias também optou por fechar.
No domingo o Ministro da Administração proibiu o consumo de bebida alcoólica nas vias públicas e determinou a redução para cem pessoas em espaços fechados (até então o número era de 500 pessoas).
A intenção é evitar ao máximo as aglomerações.

(Na Ribeira das Naus, em frente ao Tejo, algumas pessoas aproveitaram o sol do final de semana, mas mantendo distância uns dos outros).
Nos supermercados há muitas prateleiras vazias, mas a reposição é feita diariamente. Houve um certo pânico, mas quando as pessoas perceberam que se não fizerem estoque não vai faltar, os ânimos se acalmaram.
Só há duas coisas que realmente não existem: álcool em gel e máscaras.

(Alguns produtos são mais procurados, como enlatados, leite e limpeza. Mas a reposição tem sido rápida).
A grande preocupação agora é fazer com que as pessoas sejam menos egoístas. Talvez essa pandemia ensine isso.
Por que não se trata de ficar doente – já sabemos que a mortalidade é pequena face a tantas outras doenças. A questão é que não há espaço para atender todas as pessoas que precisam, em especial os idosos.
Por isso é tão importante respeitar as regras impostas, para que a disseminação não se alastre ainda mais.

(Em Alfama, um aviso com os cuidados básicos sobre o Covid-19).
Ontem à noite, após uma convocação pelas redes sociais, as pessoas saíram ao mesmo tempo nas janelas de casa para aplaudir os profissionais de saúde, que têm se empenhado muito na luta contra o coronavírus. Foi lindo de ver!
Vamos sobreviver? Com certeza!
Serão tempos difíceis, mas acredito de que vamos passar por mais essa! Enquanto isso, vamos aprendendo a ser menos individualistas e mais solidários. Vamos confiar nas autoridades, obedecer às recomendações, não entrar em pânico e não repassar fake news.
Enfim, vamos nos adaptar a esse momento, e quando tudo passar, estaremos fortalecidos e aprenderemos a dar mais valor à saúde e à liberdade.
E que Deus nos proteja!”
Muitos de nós, que estamos longe de nossos queridos que moram no exterior, com razão nos preocupamos com a saúde deles.
Então foi oportuna essa reflexão e que nossa fé em Deus, jamais seja abalada porque, como Ele mesmo disse:
“…O VOSSO PAI, SABE O DE QUE TENDES NECESSIDADE, ANTES QUE LHO PEÇAIS.” Mateus, 6-8