BRUNO E MARRONE

Você já caiu de paraquedas em algum lugar e se sentiu hiper deslocado?

Um peixe fora d´água?

Pois isso aconteceu comigo!

Depois de comparecer a um compromisso específico e importante em que fui vestida com um terninho escuro e camisa de seda, recebi na saída o convite para assistir ao show de Bruno e Marrone.

“De graça até injeção vencida”, pensei.

-Puxa, mas são nove e meia ainda e o show começa a que horas mesmo? O quê? Uma hora da manhã? Perguntei.

Bem, fomos a um restaurante para fazer hora e tomamos vinho, comemos uns petiscos deliciosos e lá por onze e meia saímos.

O Cannuce Centro de Eventos foi inaugurado recentemente e fica fora do centro da cidade e a fila de carros para chegar ao local era imensa e desanimadora.

Quase uma hora para chegar ao estacionamento, mas como estávamos em três, fomos conversando e ouvindo música .

Uma noite linda, com lua crescente e um vento frio no desacampado do lugar.

Entramos.

Realmente estou por fora dessa modernidade toda: as moças, lindas, pareciam estar em um desfile de modas, com saltos altíssimos ( nem sei como vieram andando desde o estacionamento) e vestindo quase nada!

E eu de terninho!

Um peixe fora d´água mesmo!

O som altíssimo, filas para o bar, filas para o banheiro e nós ali em pé.

-Mas o nosso ingresso não dizia área VIP? Pergunto já louca para sentar.

-Sim, mas é aqui mesmo. Responde minha amiga. E não tem lugar para sentar, todos ficam em pé.

Olhei para a frente e vi o palco lá longe e milhares de pessoas na minha frente.

Uma e meia da manhã e eles, até que enfim, adentram o palco.

Bruno e Marrone é uma dupla brasileira de música sertaneja e são aplaudidíssimos ao entrar.

Coloquei meus óculos para enxergar melhor, mas que nada, só via a imagem deles no telão…

Que frustrante!

E as músicas?

Não conhecia nenhuma!

O povo cantando e eu cansada mexendo o corpo prá não destoar mais do que já estava destoando.

-Cadê as músicas que sei, tipo “Dormi na Praça” e “Boate Azul”?

Foi quando minha amiga , que estava destoando tanto quanto eu, me convida para ir embora.

Ufa!

Saímos de lá loucas para entrar no quentinho do carro, chegar em casa no aconchego do amado cobertor e dormir.

Eram quase três horas da manhã quando cheguei em casa.

-Definitivamente, isso não é para mim! Resmunguei.

No outro dia, contei a meu filho onde tinha ido.

-O quê? Minha mãe na balada? Não acredito! Ele fala caçoando.

E eu respondo rindo:

-Última vez!

“ASSIM, OS DERRADEIROS SERÃO PRIMEIROS, E OS PRIMEIROS, DERRADEIROS, PORQUE MUITOS SÃO CHAMADOS , MAS POUCOS, ESCOLHIDOS.” Mateus, 20-16

APAGÃO!

Eram 15:30 do dia 19 último, quando eu falava com minha filha e a internet começou a rodar, falhar e deu aquele aviso de “sem sinal”!

Pensei que era por causa da bateria do celular que estava quase acabando, tratei logo de conectar e nada de sinal.

Mudei de tomada até que vi que o problema era outro: falta de energia!

-Ah, tá! Já já volta! Falei para mim mesma.

Que nada,,,

Fui até a vizinha conversar e ela e toda a rua estavam sem luz.

-Mas deve voltar logo! Continuei otimista!

Fui para minha rede aproveitando que estava fresquinho e gostoso.

Aí começou a ansiedade:

-Quero ver meu whatsapp! Quero checar meus e-mails!

Nada ainda…

-Bom, pensei, tenho certeza que até às 18:20, hora da minha novela preferida, a luz vai voltar.

Voltei olhar para o céu, as nuvens se movimentando, o vai e vem dos passarinhos, o beija flor costumeiro, e os minutos passando e nada da luz voltar.

-Bom, já são 19:00 horas e estou com um pouquinho de fome.

Aproveito para deixar preparada duas velas e uma caixa de fósforos sobre a mesa, pego uma taça de vinho, queijos, amendoins e volto para a rede.

E por ali fico, bebericando, comendo, enquanto ouço as conversas dos vizinhos que chegam e não conseguem abrir os portões elétricos.

Lembrei de uma crônica que escrevi sobre falta de luz, em “Conversas no Escuro“, e eu ali, só tomando meu vinhote e descansando (porque trabalhei bastante nesse dia, fazendo as “Comidinhas da Vovó”).

A noite cai.

O céu está estrelado e a lua maravilhosa, apareceu.

As lagartixas começam a correr pelo muro.

A rua está escura, entro, fecho a porta, e acendo minhas velas.

-Não é possível, penso, não pode demorar tanto assim, alguma coisa grande aconteceu e o pior é que tenho um freezer cheio de comidinhas congeladas.

Me recosto na cadeira da mamãe, fecho os olhos, abro os olhos.

Fecho a janela porque fiquei com medo dos bichos voadores.

Abro a janela porque fiquei com calor.

Apago uma vela e deixo só uma para o caso de demorar muito para voltar a energia e eu ficar no escuro…só tenho essas.

Fecho os olhos novamente quando, de repente, a luz volta ofuscando meus olhos acostumados ao escuro.

Eram 20:45.

Foi uma tarde/noite diferente…até arrumei assunto para uma nova crônica!

“E DISSE DEUS: HAJA LUZ. E HOUVE LUZ”. GÊNESIS, 1- 3

 

 

 

 

 

 

 

SONETO AO ENTARDECER

“O soneto é um poema de forma fixa, composto por quatro estrofes, sendo que as duas primeiras se constituem de quatro versos, cada uma, os quartetos, e as duas últimas de três versos, cada uma, os tercetos.” 

(Talvez o mais conhecido por nós brasileiros, seja o “Soneto de Fidelidade”, de Vinícius de Moraes).

“Sua obra é vasta, passando pela literatura, teatro, cinema e música. Ainda assim, sempre considerou que a poesia foi sua primeira e maior vocação, e que toda sua atividade artística deriva do fato de ser poeta. Notabilizou-se pelos seus sonetos”Wikipedia.

Quando fiz meu curso de Letras, tentei muito escrever os famosos sonetos, mas achei muito difícil.

Até saiu alguns, mas quem me conhece sabe que escrevo de uma forma simples, sem rebuscar muito.

Não gosto de me sentir presa a número de sílabas e estrofes…

Mas esse que segue abaixo, até que me deixou orgulhosa…gosto bastante dele!

Então vamos lá!!!

(Foto tirada por mim em 15 de dezembro de 2018)

SONETO AO ENTARDECER

A LINHA TÊNUE ENTRE O SIM E O NÃO,

SEM SER DIA NEM NOITE TAMPOUCO,

CORRO ATRÁS DO QUE RESTA COMO LOUCO,

PERDI, FOI… ENTÃO DESABO NO CHÃO.

———-

ESCURECE O CÉU COMO EM INVERSÃO

(ONDE O SOL BRILHAVA ATÉ BEM POUCO)

SAI DE MIM AQUELE PRANTO ROUCO,

TRISTEZA TANTA NESSA MUTAÇÃO.

———-

TRAZER A LUZ DO DIA NO SORRISO,

NOS OLHOS, O ESCURO DO ANOITECER.

PESAR, MEDIR, VIRAR NUMA ALQUIMIA…

———-

FALAR DE AMOR, RECRIAR DE IMPROVISO,

ENVOLTA EM BRUMAS ME FORTALECER

PARA TUDO ENTÃO SE TORNAR POESIA.

———-

 

(Mais uma foto minha, no mesmo dia).

“E DEUS CHAMOU À LUZ DIA; E ÀS TREVAS CHAMOU NOITE. E FOI A TARDE E A MANHÃ: O DIA PRIMEIRO.” Gênesis, 1- 5