CIDADES ONDE MOREI: 7- ANTONINA

Terminei meu post anterior sobre Ourinhos, contando que é de Antonina minhas melhores recordações.

vista

Pudera, ali conheci o mar, fiz amizades, e como uma adolescente que era, me apaixonei pela primeira vez…

Antonina está a 90 Km de Curitiba e foi fundada em 1714 sendo uma cidade histórica e turística com seu Porto, Igreja Matriz, Mercado Municipal, Prainha, Ponta da Pita, etc.

Ali cheguei com 11 para 12 anos e fiz todo o ginásio, coisa inédita para mim que nunca começava e terminava nada no mesmo lugar.

colégio

Meu pai era professor de Português, Inglês e Latim (alguém se lembra?) e pastor da Igreja Presbiteriana Independente e minha mãe dava aulas de Educação Artística.

Era ela quem fazia as festas no Colégio, desde escrever as peças de teatro, ensaiar e apresentar nos palcos do Ginásio e até no Cinema Municipal.

Eu era a artista e amava tudo aquilo!

antonina 003

(As Baianas e eu em evidência, é claro!)

Trabalhei em inúmeras peças: fui a Bela, de A Bela e a Fera; a Ritinha, uma escrava de Os Negros também tem Alma; a Virgem Maria, no nascimento de Jesus; a dona Carlota, na comédia Um Marido em Apuros; o menino pobre, na poesia de São Nicolau; além de cantar e dançar de baiana (foto acima), gaúcha, odalisca, etc.

Se a Globo me visse naquele tempo, me contratava (sem falsa modéstia!).

antonina 004

(Aqui no Morro do Bom Brinquedo e a cidade lá embaixo).

No último ano do ginásio, nossa turma toda veio até a Capital para tirarmos nossa foto porque lá não tínhamos quem fizesse esse trabalho.

E de trem! A estrada era a da Graciosa e eu enjoava muito…

estação

E a foto ficou assim:

antonina 002

Não tínhamos TV, telefone, celular, computador, internet e éramos tão felizes!

À tardinha sentávamos em cadeiras na calçada e jogávamos conversa fora enquanto víamos o dia se despedir.

Quando a noite chegava, mamãe contava histórias na varanda de casa e era um momento mágico!

Ali nasceu minha irmã caçula, Raquel.

Além das duas crônicas que marquei acima ( O dia em que conheci o Mar e A Contadora de Histórias), tem uma poesia Antonina aqui no blog.

Saímos para morar em Curitiba no ano de 1964.

Imagens: 1) http://www.redecedes.ufpr.br; 2) ronelcorsi.blogspot.com; 3) http://www.parana-online.com.br

“EM PAZ TAMBÉM ME DEITAREI E DORMIREI, PORQUE SÓ TU, SENHOR, ME FAZES HABITAR EM SEGURANÇA.” Salmos, 4- 8

ANTONINA

Antonina me remete às mais doces lembranças…

Foi lá que vivi minha adolescência e passei quatro anos cursando o “Ginásio”.

Foi lá que “conheci o mar” (ver crônica do dia 23 de janeiro).

Foi lá que nasceu minha irmã caçula, Raquel.

É de lá que vem a vontade de passar novamente por aquelas ruas centenárias, cheias de histórias, sentir o cheiro do mar e pensar que voltei a ser jovem, só por um instante…

antonina-parana-brasil

ANTONINA

Morei lá.

Fiz ginásio, fiquei mocinha,

aprendi a paquerar.

Usei meu primeiro sutiã

sem nem ter o que aparar.

—–

Passeava pela pracinha

nos domingos, ao entardecer

e com amigas da escola

um filme sempre ia ver.

—–

No teatro do colégio

representei muitas vezes.

Fiz a Bela, a Virgem, anciã,

fui cantora, menino, negrinha,

ganhei até papel de vilã.

—–

Bons tempos eram aqueles

de passeios à prainha,

Ponta da Pita, Mercado

e o começo dos namoros

sempre com “velas” ao lado.

—–

A cidade se iluminava

de foguetes lá no morro.

Era a festa da padroeira

em pleno mês de agosto.

—–

A brisa era suave,

o sol era quente,

o céu tão azul,

o coração contente…

antonina-imagem-1

(Do meu livro Um Pouco de Mim)

Imagens: 1) http://www.tripadvisor.com; 2) viageiro.com

 

O DIA EM QUE CONHECI O MAR

Eu acabara de completar doze anos.

Menina ainda, magrinha, curiosa e cheia de energia quando desembarquei do trem na estação da pequena cidade de Antonina, litoral do Paraná.

Cidade histórica com um porto que teve seus dias de glória e, agora, tristemente abandonado, com sua gente calma, sentada em cadeiras nas calçadas vendo o tempo passar.

E foi ali que chegamos, vindo das Minas Gerais, para morarmos.

Nem bem deixamos as malas na casa do velho casal que iria nos hospedar por um bom tempo até acharmos uma para alugar, corremos pelas ruas estreitas de paralelepípedos gastos, até o Mercado Municipal que era a “porta” do mar.

banner_antonina

Ali eu parei, olhando, absorvendo cheiros, sentindo na pele o vento passante que desmanchava meus cabelos.

E fui caminhando como uma encantada até ele.

– Tire seus sapatos! Ouvi meu pai falando.

E depressa tirei, sentindo na planta dos pés o roçar da areia úmida fui caminhando enquanto ouvia minha mãe, braços abertos, cantarolar Caymi: “o mar, quando vai lá na praia, é bonito é bonito, é bonito demais”.

E lá na beirada, onde as ondas vinham aos poucos se chegando, eu parei.

Lembrei do que me disseram sobre a água do mar ser salgada e olhei para meu pai que, adivinhando meu pensamento, mandou que eu molhasse meus dedos nela e experimentasse: provei, senti seu sabor e experimentei novamente para acreditar.

Então entrei na água, molhando todo o meu vestido rodado!

As ondas me saudavam suaves enquanto gaivotas faziam festa sobre nossas cabeças.

O sol se despedia tranquilo e o mar me recebia com seus “braços” abertos (se braço os tivesse) e me oferecia toda sua grandeza, seu poder, sua magia envolvente.

E eu me apaixonei por ele!

Estava feliz por poder morar ali onde teria todo o dia, o dia todo, esse mar para mim!

E muitas alegrias em minha vida, tiveram o mar como testemunha: pescarias, passeios de barco, muitos amores…

Dizem que o mineiro ama o mar porque não o tem, mas a recíproca foi verdadeira, a sintonia foi real.

Ah, mar!

antoninaImagens: 1) rapps.ademadan.org.br; 2) specialparana.com